Relatório
Como redações e jornalistas podem se preparar para lidar com os ataques virtuais? Estudo visa incentivar a adoção de mecanismos de apoio nas redações para jornalistas. As práticas no estudo foram baseadas em entrevistas e grupos focais com profissionais de jornalismo. O relatório apresenta a realidade do Brasil e de cinco países europeus: Finlândia, Alemanha, Polónia, Espanha e Reino Unido.
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Os jornalistas e as redações precisam se preparar para lidar com os ataques virtuais, cada vez mais frequentes em todo o mundo. Pensando nesse desafio, o Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS) e o Redes Cordiais, com o apoio do Facebook Journalism Project, lançam o manual Boas Práticas de Combate ao Assédio Virtual contra Jornalistas para Redações. O material, publicado em parceria com o International Press Institute (IPI), com sede em Viena, faz parte do projeto Da rede social à rede de apoio: ciber-resiliência para jornalistas.
O documento tem a intenção de incentivar a adoção de mecanismos de apoio e o desenvolvimento de políticas de enfrentamento ao assédio virtual contra jornalistas nas redações. As medidas e práticas apresentadas no manual foram baseadas em dados recolhidos em entrevistas com profissionais de jornalismo. A primeira parte do relatório apresenta o contexto brasileiro. Foram ouvidos 33 profissionais das cinco regiões do Brasil. A segunda parte mostra a realidade de cinco países europeus: Finlândia, Alemanha, Polónia, Espanha e Reino Unido.
No Brasil, as entrevistas foram realizadas com repórteres, editores de texto, analistas de mídias sociais, jornalistas independentes, profissionais em cargos de lideranças e representantes de associações. Também foram organizados dois grupos de discussão. Os profissionais contaram suas estratégias de proteção, dividiram avaliações de risco online e físico e falaram sobre o conhecimento ou o desconhecimento de ferramentas jurídicas e tecnológicas disponíveis. Também disseram se existem nas redações moderadores para lidar com situações indesejadas online, contextualizaram eventuais ataques e comentaram sobre os tipos de suporte oferecidos pelos veículos de imprensa.
O relatório mostra que mulheres são alvos preferenciais de assédio virtual. A estratégia mais comum é expor a intimidade delas, o que pode trazer mais danos às suas carreiras, suas relações pessoais e familiares e as tornam mais vulneráveis quando comparadas aos seus colegas homens. Os ataques contra as jornalistas são especialmente violentos e altamente sexualizados, enquanto os homens costumam ser criticados, insultados e ameaçados com base em sua produção profissional, focando o conteúdo das notícias e postagens.
Entidades jornalísticas, como a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) alertam para o ataque à liberdade de imprensa por meio de assédios virtuais. Grande parte, orquestrados com uso de bots, se valem também de estratégias de invasão de contas e doxxing (a exposição de dados da vítima). Em 2019, a imprensa profissional brasileira sofreu aproximadamente 11 mil ataques diários pelas mídias sociais, uma média de sete agressões por minuto, segundo a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert).
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